quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Amantes, errantes, humanos. - E daí?

Será que existe algum sentido nisso?
E se não existir? 
E daí?
O fim dessa história?
Que história? 
E se tiver fim? 
E daí?

Eu juro, eu quis evitá-lo, jurando que evitar era o correto, o coerente a ser feito, mas concluí que o erro tem suas vantagens e nem sempre conseqüências desastrosas se for bem dosado, tipo cachaça em copo americano.

Acabo em seu caminho, sou levada a você, sóbria ou não!
Dentre tantos vícios, você se tornou mais um em minha coleção.
E daí?

Disseram-me a um tempo atrás que era burrice minha insistir em você. Que a minha (ou a nossa) entrega, atração, flerte ou qualquer outra coisa, eram feias, imorais, ou um equivoco!
E daí?

Somos “amantes, errantes, humanos”.
Reconheço que tudo é uma brincadeira e opto em brincar seriamente.
Aceitá-lo como algo inevitável, fundamental, motivacional, vital.
Não preciso de sinais! É bobeira!
Eu só preciso do seu olhar me comendo viva e do seu sorriso sacana na varanda. Me basta esse jeito grave, leve, contraditório, oscilante e fatal.

Sabe, as coisas ficam sem graça sem você.
Tudo fica melhor se eu sei que você está lá.
Por você, eu me esforço pra acertar. Mesmo que você nem perceba.
Essa escavação imensa entre você e eu, nesses longos dias, não nos entrega opções, mas eu posso encontra-las! Topa?
Tequila para mim, energético para você (como se você precisasse). O que acha?

Mas não banque o assanhado. Não pretendo fazer amor com você.
Nem que tenha um motel no meio do caminho.
Nem que tenhamos duas ou três horas só para nós e a sós.
Nem que a tequila me deixe tonta.

Não vamos ficar nos culpando, vamos?

“Você não é meu, nem eu sou sua”, já dizia a princesa Leopoldina.
Mas hoje, apenas hoje, eu preciso que fique aqui.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Movimentos [18+]

É tão simples, vem me ver...


Poderíamos não só passar horas a fio e sim horas á vista sem se cansar.
Eu deixo que você escolha o lugar, a comida, a música, a bebida, o motel, e até o sabor da camisinha, desde que me escolha pra te acompanhar.

É tão irônica essa história de cumplicidade. Pra onde ela vai depois que terminamos nossa transa?

Já percebeu que cada um vira pra um lado prometendo não se apaixonar mas, ao menos uma das partes padece, e a vontade de repetir e reviver aqueles movimentos, e os sons tão anti-humanos passa a ser impossível de conter? 
Nossos corpos se pedem.

No meio daquilo tudo você se surpreende com o que chamo de show particular.
É engraçado ouvir você dizer que evolui no quesito cama, quando na verdade, só você ainda não viu que meu coração também subiu mais um degrau.

A mesma cena:

Eu grito palavras sujas enquanto repuxo meus cabelos e você me olha com aquela cara de "alô-sedução" enquanto segura meus seios.

Mais uma vez os movimentos acabam, e mesmo trocando salivas, a gente não consegue trocar emoção.
Não consigo dizer nada.
A única coisa que sai da minha boca, é o líquido viscoso que você deixou explodir em míseros três minutos.

Sabe o que é mais engraçado?
Você me conhece por inteira, tem o mapa das minhas curvas, mas não sabe o meu nome.

- ''Garçom! Um whisky sem gelo, por favor.''

Frigidez Sentimental

O meu desinteresse pelo o âmbito amoroso têm ao longo de longos dias me condenado à olhares de reprovação e outros arregalados de indagação.

Não há em mim um traço esnobe, juro!
Amo meus pais, meus livros, a Amy Winehouse, meus cigarros, minha xícara da Marilyn Monroe, minha amiga confidente, o Jô Soares...
Mas coleciono poucos amigos, pelo complexo fato de me enojar com línguas entrelaçadas, salivas trocadas, cerimônias de casamentos, choros de crianças, ligações ou torpedos na madrugada.
Eles detestam isso em mim!

Óbvio e evidente que há sim um prazer num flerte ligeiro, mas apenas nisso, no ligeiro.
Acredito que seres sociais, alguns de pouca leitura (com exceção da Fátima Bernardes e Willian Bonner), procuram alternativas para se auto realizarem as custa das idéias e ambições do Partner, e isso me parece de caráter inculto.

Tenho uma profunda satisfação em preservar intacta minha frigidez sentimental e continuar preferindo que o único liquido viscoso que adentre minha boca, seja o do creme dental.

Não se espantem leitores, se pareço não pertencer a este mundo. Não sou mal-comida, mal-amada, ou uma patricinha de Beverly Hills. Apenas me sinto confortável e opto por isso.

Não pretendo agregar adeptos, mas honestamente gostaria de me deparar com indivíduos que compartilhassem dessa "defesa à geladeira", só por que temos mais o que fazer. 
Só por isso.

Quem puder responder, por favor...

Por que as mulheres sangram cinco dias sem trégua, incansáveis cinco dias, um mar de sangue e não morrem?

Qual é o real sentido de "talvez eu vá, talvez não"?
Por que o Samuel Rosa e o Serginho Groisman se parecem tanto se não são parentes?

Por que nos atraímos por nossos opostos, mas nem sempre estamos dispostos?
Por que sobrenome e DNA não determinam de fato o amor?
Para que serve mesmo o cateto e a hipotenuza?

Qual é a outra utilidade do coco ralado, além de entranhar no meio dos dentes?
Por que me servem o couvert se no final terei que pagar pelo "agrado"?
Por que os segredos são descobertos, se são segredos?

Por que o Zeca Pagodinho canta samba, e o Exaltasamba canta pagode?
Gordura localizada é por que não localizaram as outras?

E por fim a pergunta que nunca foi respondida com exatidão: Por que eu ainda penso em você?

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Só;

São seis copos, cinco talheres, seis pratos, duas xícaras, duas toalhas e dois travesseiros, tudo feito para o plural, mas ela vive o singular.
O singular de uma vida que ela deixou de acreditar que possa ser vivida com sujeitos perfeitos.

Todos os dias, ao acordar, a mesma cena: ela se olha no espelho e engole à seco o gosto amargo que a vida lhe da antes do café da manhã. 
Ainda sonolenta e enrolada no edredom, ela acende um cigarro e cria coragem pra ligar o chuveiro. Tirando a roupa e na frente do espelho novamente, ela consegue enxergar a lei do tempo se refletindo no corpo. Olhando a água cair, ela tem esperança de que junto, pro ralo, possam ir todas as suas inseguranças e amarguras.

Ela já não chora mais, raramente quando está com TPM. Evita o convívio social, pede as compras por telefone e todo o amor que ela deveria demonstrar para alguém, solta pela boca depois de uma tragada.

Ela gosta desse convívio egoísta, escolheu assim, e se sente confortável assim, embora existissem outras alternativas, ela optou sem pestanejar por estar só; as companhias já doeram demais.

Sim, ela tem alguns casos, mas são rápidos e indolores.
Se cansou de ter que começar, manter e terminar...

Ela só começa, não mantém e não termina.

Isso a deixa aliviada, evita a fadiga de ter que explicar o "porquê" de tudo.
Ela simplesmente passou a viver pra observar, provar, e testar, saber o que se sente, e poder passar isso pro papel; porque somente com o papel e caneta na mão, ela se sente plural, e nunca singular...

Lá, no papel, ela começa, mantêm, e mantêm...
Nunca termina.